Vi no pescoço o sinal das minhas unhas; abotoei alto a camisa e o botei na cama. Em seguida, chamei um criado, disse-lhe que o coronel amanhecera morto; mandei recado ao vigário e ao médico.
A primeira ideia foi retirar-me logo cedo, a pretexto de ter meu irmão doente, mas com medo de que minha retirada imediata pudesse fazer despertar suspeitas fiquei, quase nem sai do quarto.
Meu medo foi tanto que queria ver no rosto dos outros se desconfiavam; mas não ousava fitar ninguém então fechei o caixão, com as mãos trêmulas, tão trêmulas que uma pessoa, que reparou nelas.
Coitado do Procópio! apesar do que padeceu, está muito sentido.
Quando tudo acabou, respirei. Estava em paz com os homens. As primeiras noites foram de desassossego e aflição, logo depois fui direto para o Rio, embora longe do crime continuava a me sentir mal, mal comia e tinha muitas alucinações.
Esquece ele cara, ele nem merece tanta melancolia!
ele era uma boa criatura, impertinente, é verdade!( eu aproveitava a ilusão para fazer elogios ao morto).
Um fenômeno interessante, e que talvez lhe possa aproveitar, é que, não sendo religioso, mandei dizer uma missa pelo eterno descanso do coronel, Não fiz convites, não disse nada a ninguém; fui ouvi-la, sozinho, e estive de joelhos todo o tempo.
Dobrei a espórtula do padre, e distribuí esmolas à porta, tudo por intenção do finado. Não queria embair os homens; a prova é que fui só. Para completar este ponto, acrescentarei que nunca aludia ao coronel, que não disse-se:Deus lhe fale n’alma!
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