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pensando bem, a morte é uma dádiva

O filósofo não podia mais ler ou escrever, e falar com o cachorro era a única

maneira de desfiar seus pensamentos, pois sua mente continuava ativa.

desenvolve

Não havia dúvida, quem estava falando era o cachorro. O filósofo hesitou, limpou a

garganta, depois disse: "—Bem, não é exatamente uma tese. É mais um consolo"

será que é ele mesmo que está falando??

Você já pensou — disse o filósofo — se nós vivêssemos para sempre? Estaríamos

obrigados a entender o Universo. As razões da existência, o sentido da vida, essas coisas.

Como são coisas incompreensíveis, viveríamos com a permanente consciência da nossa

incapacidade, da nossa insuficiência mental. Do nosso fracasso. Seria uma angústia eterna.

como assim?

A morte nos exime. Somos visitantes no Universo. Suas grandes questões não nos


dizem respeito, pois estamos aqui só de passagem. A finitude é a nossa desculpa para não

entender, para não precisar entender. A dádiva da morte é nos tornar iguais a vocês.

Vocês têm cosmogonias? Especulações metafísicas? Algum tipo de

inquietação existencial?

—Eu, não, mas vem cá, não é justamente o fato de vocês serem mortais, finitos e passageiros que dá origem a

todas as cosmogonias, a toda metafísica? A morte não é a mãe da filosofia?

epa


A recusa da morte é a mãe da filosofia. A ideia de deixar de existir é profundamente

repugnante para o nosso amor-próprio. Aceitando a morte como um consolo, como um

álibi, eu também estou me livrando desta absurda pretensão do meu ego, que é a de que

eu não posso simplesmente acabar. Logo eu, de quem eu gosto tanto. Por isso se

inventam religiões, e mil e uma maneiras da vida continuar, nem que se volte como um

cachorro.

—Foi só um exemplo. Mas eu renuncio à filosofia, renuncio a toda especulação sobre o

mistério de ser, e aceito o meu fim. Estou pronto a pensar no Universo e na morte como

um bicho.

—Mas eu nunca penso no Universo ou na morte.

—Exatamente. Porque você não sabe que vai morrer.

—Fiquei sabendo agora. Obrigado, viu?

—É isso que eu quero. Essa sábia ignorância, essa burrice caridosa... Podemos até trocar

de lugar, se você concordar. Lhe dou todas as minhas especulações, minhas teses, meu

ego e minha angústia, em troca da sua paz.

—Acho que sua família não aprovaria. E não sei se eu ficaria bem de cardigã.

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pensando bem, a morte é uma dádiva

O filósofo não podia mais ler ou escrever, e falar com o cachorro era a única

maneira de desfiar seus pensamentos, pois sua mente continuava ativa.

desenvolve

Não havia dúvida, quem estava falando era o cachorro. O filósofo hesitou, limpou a

garganta, depois disse: "—Bem, não é exatamente uma tese. É mais um consolo"

será que é ele mesmo que está falando??

Você já pensou — disse o filósofo — se nós vivêssemos para sempre? Estaríamos

obrigados a entender o Universo. As razões da existência, o sentido da vida, essas coisas.

Como são coisas incompreensíveis, viveríamos com a permanente consciência da nossa

incapacidade, da nossa insuficiência mental. Do nosso fracasso. Seria uma angústia eterna.

como assim?

A morte nos exime. Somos visitantes no Universo. Suas grandes questões não nos


dizem respeito, pois estamos aqui só de passagem. A finitude é a nossa desculpa para não

entender, para não precisar entender. A dádiva da morte é nos tornar iguais a vocês.

Vocês têm cosmogonias? Especulações metafísicas? Algum tipo de

inquietação existencial?

—Eu, não, mas vem cá, não é justamente o fato de vocês serem mortais, finitos e passageiros que dá origem a

todas as cosmogonias, a toda metafísica? A morte não é a mãe da filosofia?

epa


A recusa da morte é a mãe da filosofia. A ideia de deixar de existir é profundamente

repugnante para o nosso amor-próprio. Aceitando a morte como um consolo, como um

álibi, eu também estou me livrando desta absurda pretensão do meu ego, que é a de que

eu não posso simplesmente acabar. Logo eu, de quem eu gosto tanto. Por isso se

inventam religiões, e mil e uma maneiras da vida continuar, nem que se volte como um

cachorro.

—Foi só um exemplo. Mas eu renuncio à filosofia, renuncio a toda especulação sobre o

mistério de ser, e aceito o meu fim. Estou pronto a pensar no Universo e na morte como

um bicho.

—Mas eu nunca penso no Universo ou na morte.

—Exatamente. Porque você não sabe que vai morrer.

—Fiquei sabendo agora. Obrigado, viu?

—É isso que eu quero. Essa sábia ignorância, essa burrice caridosa... Podemos até trocar

de lugar, se você concordar. Lhe dou todas as minhas especulações, minhas teses, meu

ego e minha angústia, em troca da sua paz.

—Acho que sua família não aprovaria. E não sei se eu ficaria bem de cardigã.

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pensando bem, a morte é uma dádiva

O filósofo não podia mais ler ou escrever, e falar com o cachorro era a única

maneira de desfiar seus pensamentos, pois sua mente continuava ativa.

desenvolve

Não havia dúvida, quem estava falando era o cachorro. O filósofo hesitou, limpou a

garganta, depois disse: "—Bem, não é exatamente uma tese. É mais um consolo"

será que é ele mesmo que está falando??

Você já pensou — disse o filósofo — se nós vivêssemos para sempre? Estaríamos

obrigados a entender o Universo. As razões da existência, o sentido da vida, essas coisas.

Como são coisas incompreensíveis, viveríamos com a permanente consciência da nossa

incapacidade, da nossa insuficiência mental. Do nosso fracasso. Seria uma angústia eterna.

como assim?

A morte nos exime. Somos visitantes no Universo. Suas grandes questões não nos


dizem respeito, pois estamos aqui só de passagem. A finitude é a nossa desculpa para não

entender, para não precisar entender. A dádiva da morte é nos tornar iguais a vocês.

Vocês têm cosmogonias? Especulações metafísicas? Algum tipo de

inquietação existencial?

—Eu, não, mas vem cá, não é justamente o fato de vocês serem mortais, finitos e passageiros que dá origem a

todas as cosmogonias, a toda metafísica? A morte não é a mãe da filosofia?

epa


A recusa da morte é a mãe da filosofia. A ideia de deixar de existir é profundamente

repugnante para o nosso amor-próprio. Aceitando a morte como um consolo, como um

álibi, eu também estou me livrando desta absurda pretensão do meu ego, que é a de que

eu não posso simplesmente acabar. Logo eu, de quem eu gosto tanto. Por isso se

inventam religiões, e mil e uma maneiras da vida continuar, nem que se volte como um

cachorro.

—Foi só um exemplo. Mas eu renuncio à filosofia, renuncio a toda especulação sobre o

mistério de ser, e aceito o meu fim. Estou pronto a pensar no Universo e na morte como

um bicho.

—Mas eu nunca penso no Universo ou na morte.

—Exatamente. Porque você não sabe que vai morrer.

—Fiquei sabendo agora. Obrigado, viu?

—É isso que eu quero. Essa sábia ignorância, essa burrice caridosa... Podemos até trocar

de lugar, se você concordar. Lhe dou todas as minhas especulações, minhas teses, meu

ego e minha angústia, em troca da sua paz.

—Acho que sua família não aprovaria. E não sei se eu ficaria bem de cardigã.

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pensando bem, a morte é uma dádiva

O filósofo não podia mais ler ou escrever, e falar com o cachorro era a única

maneira de desfiar seus pensamentos, pois sua mente continuava ativa.

desenvolve

Não havia dúvida, quem estava falando era o cachorro. O filósofo hesitou, limpou a

garganta, depois disse: "—Bem, não é exatamente uma tese. É mais um consolo"

será que é ele mesmo que está falando??

Você já pensou — disse o filósofo — se nós vivêssemos para sempre? Estaríamos

obrigados a entender o Universo. As razões da existência, o sentido da vida, essas coisas.

Como são coisas incompreensíveis, viveríamos com a permanente consciência da nossa

incapacidade, da nossa insuficiência mental. Do nosso fracasso. Seria uma angústia eterna.

como assim?

A morte nos exime. Somos visitantes no Universo. Suas grandes questões não nos


dizem respeito, pois estamos aqui só de passagem. A finitude é a nossa desculpa para não

entender, para não precisar entender. A dádiva da morte é nos tornar iguais a vocês.

Vocês têm cosmogonias? Especulações metafísicas? Algum tipo de

inquietação existencial?

—Eu, não, mas vem cá, não é justamente o fato de vocês serem mortais, finitos e passageiros que dá origem a

todas as cosmogonias, a toda metafísica? A morte não é a mãe da filosofia?

epa


A recusa da morte é a mãe da filosofia. A ideia de deixar de existir é profundamente

repugnante para o nosso amor-próprio. Aceitando a morte como um consolo, como um

álibi, eu também estou me livrando desta absurda pretensão do meu ego, que é a de que

eu não posso simplesmente acabar. Logo eu, de quem eu gosto tanto. Por isso se

inventam religiões, e mil e uma maneiras da vida continuar, nem que se volte como um

cachorro.

—Foi só um exemplo. Mas eu renuncio à filosofia, renuncio a toda especulação sobre o

mistério de ser, e aceito o meu fim. Estou pronto a pensar no Universo e na morte como

um bicho.

—Mas eu nunca penso no Universo ou na morte.

—Exatamente. Porque você não sabe que vai morrer.

—Fiquei sabendo agora. Obrigado, viu?

—É isso que eu quero. Essa sábia ignorância, essa burrice caridosa... Podemos até trocar

de lugar, se você concordar. Lhe dou todas as minhas especulações, minhas teses, meu

ego e minha angústia, em troca da sua paz.

—Acho que sua família não aprovaria. E não sei se eu ficaria bem de cardigã.

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pensando bem, a morte é uma dádiva

O filósofo não podia mais ler ou escrever, e falar com o cachorro era a única

maneira de desfiar seus pensamentos, pois sua mente continuava ativa.

desenvolve

Não havia dúvida, quem estava falando era o cachorro. O filósofo hesitou, limpou a

garganta, depois disse: "—Bem, não é exatamente uma tese. É mais um consolo"

será que é ele mesmo que está falando??

Você já pensou — disse o filósofo — se nós vivêssemos para sempre? Estaríamos

obrigados a entender o Universo. As razões da existência, o sentido da vida, essas coisas.

Como são coisas incompreensíveis, viveríamos com a permanente consciência da nossa

incapacidade, da nossa insuficiência mental. Do nosso fracasso. Seria uma angústia eterna.

como assim?

A morte nos exime. Somos visitantes no Universo. Suas grandes questões não nos


dizem respeito, pois estamos aqui só de passagem. A finitude é a nossa desculpa para não

entender, para não precisar entender. A dádiva da morte é nos tornar iguais a vocês.

Vocês têm cosmogonias? Especulações metafísicas? Algum tipo de

inquietação existencial?

—Eu, não, mas vem cá, não é justamente o fato de vocês serem mortais, finitos e passageiros que dá origem a

todas as cosmogonias, a toda metafísica? A morte não é a mãe da filosofia?

epa


A recusa da morte é a mãe da filosofia. A ideia de deixar de existir é profundamente

repugnante para o nosso amor-próprio. Aceitando a morte como um consolo, como um

álibi, eu também estou me livrando desta absurda pretensão do meu ego, que é a de que

eu não posso simplesmente acabar. Logo eu, de quem eu gosto tanto. Por isso se

inventam religiões, e mil e uma maneiras da vida continuar, nem que se volte como um

cachorro.

—Foi só um exemplo. Mas eu renuncio à filosofia, renuncio a toda especulação sobre o

mistério de ser, e aceito o meu fim. Estou pronto a pensar no Universo e na morte como

um bicho.

—Mas eu nunca penso no Universo ou na morte.

—Exatamente. Porque você não sabe que vai morrer.

—Fiquei sabendo agora. Obrigado, viu?

—É isso que eu quero. Essa sábia ignorância, essa burrice caridosa... Podemos até trocar

de lugar, se você concordar. Lhe dou todas as minhas especulações, minhas teses, meu

ego e minha angústia, em troca da sua paz.

—Acho que sua família não aprovaria. E não sei se eu ficaria bem de cardigã.

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pensando bem, a morte é uma dádiva

O filósofo não podia mais ler ou escrever, e falar com o cachorro era a única

maneira de desfiar seus pensamentos, pois sua mente continuava ativa.

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Não havia dúvida, quem estava falando era o cachorro. O filósofo hesitou, limpou a

garganta, depois disse: "—Bem, não é exatamente uma tese. É mais um consolo"

será que é ele mesmo que está falando??

Você já pensou — disse o filósofo — se nós vivêssemos para sempre? Estaríamos

obrigados a entender o Universo. As razões da existência, o sentido da vida, essas coisas.

Como são coisas incompreensíveis, viveríamos com a permanente consciência da nossa

incapacidade, da nossa insuficiência mental. Do nosso fracasso. Seria uma angústia eterna.

como assim?

A morte nos exime. Somos visitantes no Universo. Suas grandes questões não nos


dizem respeito, pois estamos aqui só de passagem. A finitude é a nossa desculpa para não

entender, para não precisar entender. A dádiva da morte é nos tornar iguais a vocês.

Vocês têm cosmogonias? Especulações metafísicas? Algum tipo de

inquietação existencial?

—Eu, não, mas vem cá, não é justamente o fato de vocês serem mortais, finitos e passageiros que dá origem a

todas as cosmogonias, a toda metafísica? A morte não é a mãe da filosofia?

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A recusa da morte é a mãe da filosofia. A ideia de deixar de existir é profundamente

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álibi, eu também estou me livrando desta absurda pretensão do meu ego, que é a de que

eu não posso simplesmente acabar. Logo eu, de quem eu gosto tanto. Por isso se

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cachorro.

—Foi só um exemplo. Mas eu renuncio à filosofia, renuncio a toda especulação sobre o

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um bicho.

—Mas eu nunca penso no Universo ou na morte.

—Exatamente. Porque você não sabe que vai morrer.

—Fiquei sabendo agora. Obrigado, viu?

—É isso que eu quero. Essa sábia ignorância, essa burrice caridosa... Podemos até trocar

de lugar, se você concordar. Lhe dou todas as minhas especulações, minhas teses, meu

ego e minha angústia, em troca da sua paz.

—Acho que sua família não aprovaria. E não sei se eu ficaria bem de cardigã.

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pensando bem, a morte é uma dádiva

O filósofo não podia mais ler ou escrever, e falar com o cachorro era a única

maneira de desfiar seus pensamentos, pois sua mente continuava ativa.

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Não havia dúvida, quem estava falando era o cachorro. O filósofo hesitou, limpou a

garganta, depois disse: "—Bem, não é exatamente uma tese. É mais um consolo"

será que é ele mesmo que está falando??

Você já pensou — disse o filósofo — se nós vivêssemos para sempre? Estaríamos

obrigados a entender o Universo. As razões da existência, o sentido da vida, essas coisas.

Como são coisas incompreensíveis, viveríamos com a permanente consciência da nossa

incapacidade, da nossa insuficiência mental. Do nosso fracasso. Seria uma angústia eterna.

como assim?

A morte nos exime. Somos visitantes no Universo. Suas grandes questões não nos


dizem respeito, pois estamos aqui só de passagem. A finitude é a nossa desculpa para não

entender, para não precisar entender. A dádiva da morte é nos tornar iguais a vocês.

Vocês têm cosmogonias? Especulações metafísicas? Algum tipo de

inquietação existencial?

—Eu, não, mas vem cá, não é justamente o fato de vocês serem mortais, finitos e passageiros que dá origem a

todas as cosmogonias, a toda metafísica? A morte não é a mãe da filosofia?

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A recusa da morte é a mãe da filosofia. A ideia de deixar de existir é profundamente

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álibi, eu também estou me livrando desta absurda pretensão do meu ego, que é a de que

eu não posso simplesmente acabar. Logo eu, de quem eu gosto tanto. Por isso se

inventam religiões, e mil e uma maneiras da vida continuar, nem que se volte como um

cachorro.

—Foi só um exemplo. Mas eu renuncio à filosofia, renuncio a toda especulação sobre o

mistério de ser, e aceito o meu fim. Estou pronto a pensar no Universo e na morte como

um bicho.

—Mas eu nunca penso no Universo ou na morte.

—Exatamente. Porque você não sabe que vai morrer.

—Fiquei sabendo agora. Obrigado, viu?

—É isso que eu quero. Essa sábia ignorância, essa burrice caridosa... Podemos até trocar

de lugar, se você concordar. Lhe dou todas as minhas especulações, minhas teses, meu

ego e minha angústia, em troca da sua paz.

—Acho que sua família não aprovaria. E não sei se eu ficaria bem de cardigã.

Crie seu próprio no Storyboard That

pensando bem, a morte é uma dádiva

O filósofo não podia mais ler ou escrever, e falar com o cachorro era a única

maneira de desfiar seus pensamentos, pois sua mente continuava ativa.

desenvolve

Não havia dúvida, quem estava falando era o cachorro. O filósofo hesitou, limpou a

garganta, depois disse: "—Bem, não é exatamente uma tese. É mais um consolo"

será que é ele mesmo que está falando??

Você já pensou — disse o filósofo — se nós vivêssemos para sempre? Estaríamos

obrigados a entender o Universo. As razões da existência, o sentido da vida, essas coisas.

Como são coisas incompreensíveis, viveríamos com a permanente consciência da nossa

incapacidade, da nossa insuficiência mental. Do nosso fracasso. Seria uma angústia eterna.

como assim?

A morte nos exime. Somos visitantes no Universo. Suas grandes questões não nos


dizem respeito, pois estamos aqui só de passagem. A finitude é a nossa desculpa para não

entender, para não precisar entender. A dádiva da morte é nos tornar iguais a vocês.

Vocês têm cosmogonias? Especulações metafísicas? Algum tipo de

inquietação existencial?

—Eu, não, mas vem cá, não é justamente o fato de vocês serem mortais, finitos e passageiros que dá origem a

todas as cosmogonias, a toda metafísica? A morte não é a mãe da filosofia?

epa


A recusa da morte é a mãe da filosofia. A ideia de deixar de existir é profundamente

repugnante para o nosso amor-próprio. Aceitando a morte como um consolo, como um

álibi, eu também estou me livrando desta absurda pretensão do meu ego, que é a de que

eu não posso simplesmente acabar. Logo eu, de quem eu gosto tanto. Por isso se

inventam religiões, e mil e uma maneiras da vida continuar, nem que se volte como um

cachorro.

—Foi só um exemplo. Mas eu renuncio à filosofia, renuncio a toda especulação sobre o

mistério de ser, e aceito o meu fim. Estou pronto a pensar no Universo e na morte como

um bicho.

—Mas eu nunca penso no Universo ou na morte.

—Exatamente. Porque você não sabe que vai morrer.

—Fiquei sabendo agora. Obrigado, viu?

—É isso que eu quero. Essa sábia ignorância, essa burrice caridosa... Podemos até trocar

de lugar, se você concordar. Lhe dou todas as minhas especulações, minhas teses, meu

ego e minha angústia, em troca da sua paz.

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  • O filósofo não podia mais ler ou escrever, e falar com o cachorro era a únicamaneira de desfiar seus pensamentos, pois sua mente continuava ativa.
  • pensando bem, a morte é uma dádiva
  • desenvolve
  • Não havia dúvida, quem estava falando era o cachorro. O filósofo hesitou, limpou agarganta, depois disse: "—Bem, não é exatamente uma tese. É mais um consolo"
  • Você já pensou — disse o filósofo — se nós vivêssemos para sempre? Estaríamosobrigados a entender o Universo. As razões da existência, o sentido da vida, essas coisas.Como são coisas incompreensíveis, viveríamos com a permanente consciência da nossaincapacidade, da nossa insuficiência mental. Do nosso fracasso. Seria uma angústia eterna.
  • será que é ele mesmo que está falando??
  • como assim?
  • A morte nos exime. Somos visitantes no Universo. Suas grandes questões não nosdizem respeito, pois estamos aqui só de passagem. A finitude é a nossa desculpa para nãoentender, para não precisar entender. A dádiva da morte é nos tornar iguais a vocês.
  • Vocês têm cosmogonias? Especulações metafísicas? Algum tipo deinquietação existencial?
  • ——Eu, não, mas vem cá, não é justamente o fato de vocês serem mortais, finitos e passageiros que dá origem atodas as cosmogonias, a toda metafísica? A morte não é a mãe da filosofia?
  • A recusa da morte é a mãe da filosofia. A ideia de deixar de existir é profundamenterepugnante para o nosso amor-próprio. Aceitando a morte como um consolo, como umálibi, eu também estou me livrando desta absurda pretensão do meu ego, que é a de queeu não posso simplesmente acabar. Logo eu, de quem eu gosto tanto. Por isso seinventam religiões, e mil e uma maneiras da vida continuar, nem que se volte como umcachorro.
  • epa
  • —Foi só um exemplo. Mas eu renuncio à filosofia, renuncio a toda especulação sobre omistério de ser, e aceito o meu fim. Estou pronto a pensar no Universo e na morte comoum bicho.
  • —Exatamente. Porque você não sabe que vai morrer.
  • —Fiquei sabendo agora. Obrigado, viu?
  • —Mas eu nunca penso no Universo ou na morte.
  • —Acho que sua família não aprovaria. E não sei se eu ficaria bem de cardigã.
  • —É isso que eu quero. Essa sábia ignorância, essa burrice caridosa... Podemos até trocarde lugar, se você concordar. Lhe dou todas as minhas especulações, minhas teses, meuego e minha angústia, em troca da sua paz.
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